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O que aconteceria se em vez de querer mudar o comportamento do seu filho, mudasse o seu?


É uma pergunta provocadora, daquelas a que podemos responder desviando o olhar. Se não for esse o seu caso e decidir permanecer nesta leitura, pode começar por tentar dar-me a sua resposta. A primeira que lhe ocorrer, sem filtro e sem pensar melhor. Essa mesmo.

Já tentei de todas as formas e nada mudou.
Está cada vez pior.
Faça eu o que fizer, não quer saber.
Se deixar de o chatear, não sei onde irá parar.
Não vai adiantar, não aceita nada do que eu lhe digo.

Consegue rever-se nestas respostas? Se está com dificuldades em lidar com o seu filho, provavelmente sim.

Os relacionamentos em geral, podem ser difíceis e aqueles que se estabelecem entre pais e filhos constituem um enorme desafio.

O cerne do problema reside nas dificuldades de comunicação. Quando não funciona, os filhos não se sentem acolhidos e os pais tendem a acumular frustração. Pelo contrário, se conseguem comunicar, ultrapassam em conjunto as dificuldades que vão surgindo, em segurança e com confiança uns nos outros.

Comunicar bem não significa ser bonzinho, evitar os conflitos e fazer as vontades. Comunicar bem significa transmitir com clareza o que sente e o que precisa, sugerindo formas de o conseguir com a ajuda do outro. Esta postura implica escutar, procurar perceber o que se passa do outro lado e estar disponível para ajustar as estratégias que permitirão a ambos atender as suas necessidades.

Estas são as bases da Comunicação Consciente (ou Comunicação Não-Violenta), criada por Marshall Rosenberg. Um método simples, que apesar de requerer prática, é muito útil quando precisamos ter conversas mais difíceis.

Pode questionar-se: Se eu aprender a usar a comunicação consciente com o meu filho e ele continuar a responder-me como até aqui, o que adianta?

E em vez de lhe explicar qual será a resposta / comportamento mais provável do seu filho, vou sugerir-lhe que faça uma experiência.

Use uma das situações recorrentes que tem vindo a aborrecê-lo e / ou a gerar conflito entre os dois. Pode ser sobre o horário de dormir, a colaboração nas tarefas domésticas, o tempo dedicado aos jogos de computador, qualquer um dos temas habituais de discussão. Não precisa experimentar a forma como habitualmente demonstra o seu aborrecimento, porque já sabe qual é a reação do seu filho, mas pense nela por alguns momentos.

Estou farta de repetir que não podes ir dormir tão tarde!
Será que não entendes que eu preciso de ajuda para manter a casa em ordem?
Se não paras de jogar vais ficar sem o computador!

Experimente comunicar usando as quatro lentes da Comunicação Consciente: observação, emoção, necessidade e pedido.

Dependendo da idade do seu filho, pode começar por lhe dizer que vai experimentar usar uma forma diferente de comunicar com ele e que por ter pouca experiência, pode soar de forma estranha. Vamos lá.

Primeiro o que observa: Desde que as aulas recomeçaram que te deitas depois da meia-noite…
Depois o que sente: Fico preocupada, principalmente porque tens que acordar às sete…
Acrescente qual é a sua necessidade: É muito importante para mim saber que descansas o suficiente para que o teu rendimento escolar não seja prejudicado.
E por fim faça o seu pedido: O que achas de te organizares para conseguir garantir pelo menos 8 horas de sono?

A utilização da Comunicação Consciente requer aprendizagem e prática, mas acima de tudo depende da sua disponibilidade para abordar de forma diferente os seus relacionamentos.

Experimente mudar.

Gostava muito que me desse o seu feedback. Como foi a reação do seu filho? O que sentiu ao conversar desta forma com ele?

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